segunda-feira, 29 de setembro de 2008

A não poesia

A não poesia não rima.
Não entristece.
Não anima.

O não poeta não enlouquece.
Não se desorienta.
Nem se envaidece.

O não verso não almeja.
Não toca.
Não lacrimeja.

O não leitor não crê.
Não se apaixona.
Não lê.

Beijo

E a gengiva, que rima com a saliva?

Frase de um amigo

O bom de casar com mulher gorda é que ela não vai ficar gorda.

Pequena carta aberta ao Dave

Dave,
é nascer com a retaguarda completamente virada à lua, para viver do que você vive. Viva a sua comunhão, que Casa do Senhor nenhuma consegue. Comunhão de notas em uníssono com milhares de vozes desafinadas cantando como se fossem grandes cantoras, como se fossem você. Dave, obrigado pela graça alcançada. Obrigado pela estapafúrdia, mas deliciosa sensação de que tudo na vida vai dar certo. Nem que sejam por duas horas. Duas horas, 20 minutos e 14 segundos.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Moleskine

E se eu devolvesse o seu presente?
Não mal-educado, carente.
Se fosse assim, todo escrito, eu devolveria.
E com as provas de tudo o que eu sinto,
você ia ver o quanto te faço poesia.
Durante muito tempo, deixei de escrever poesia.
Também, pudera, eu não queria.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Brats

Domingo eu passei o dia na Bratslava. Juro.
Enquanto os gordinhos corriam no parque e os namorados assistiam ao filme novo do Adam Sandler, eu e a turma praticávamos o ócio lá no fim do mundo. Ali, onde o horizonte acaba e o dragão do mal come os navios desgovernados, vimos muitas coisas: vimos o Tyson, o bulldog roncador, o castelo e a sua festona pra 50 pessoas, a igreja mais antiga que espirrar e, claro, a hostess do bar espanhol que faz os clientes terem que passar calminex no pescoço antes de dormir. Bom, isso é tudo o que tem lá na Bratslava, pelo menos num domingo.
Achou chato? E o filme novo do Adam Sandler? Bacana?

Nasa liers

A Croácia parece outro planeta.
Mas ao contrário da lua, os americanos já chegaram lá.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Prof. Lia

Formato, fonte, helvética, 14: pronto. Ainda que tarde começo um blog de textos. Ainda que tarde é o primeiro verso do poema mais legal que eu fiz na vida. Eu acho legal, pelo menos. Ele tem uma sinestesia típica de um adolescente meio cult, meio sem saber de nada, sabe? Blah, eu acho legal pacas.

Bom, o fato é que ele rendeu uma boa história: a Lia, minha professora de literatura do colegial, leu o tal poema que começava com ainda que tarde. Aliás, para a minha surpresa, ela leu, adorou e disse que eu devia fazer mais e mais.
E aí, como eu me achava cult e tinha tomado um pé, fiz mais e mais e mostrei pra ela. E foi aí que ela pegou pesado: disse que era amiga do editor master da Companhia das Letras (ou era do dono?) e que ia reunir minhas poesias pra mandar pros caras. Nem a pau. Eu, 17 anos, com livro de poesias da Companhia das Letras? Eu ia pegar muita mulher. Nem que fossem as cults. Não, eu ia pegar as namoradas dos surfistas também. Porque eu ia distribuir meu livro da Companhia das Letras na praia, enquanto elas esperavam os parafinados. Talvez me desse bem até com as minas que já faziam cursinho. Carai.

Bom, enquanto eu pensava em todas essas possibilidades, a prof. Lia foi mandada embora. Meu colégio nunca soube segurar os melhores professores.