Descreveu um oito no papel
As linhas se cruzando desgraçadamente tortas.
Escreveu o número umas, duas, dízimas vezes.
A confusão canhota ganhou forma de um encontro gordo, forte, preto.
Olhou firme pro negativo do grafite com o branco do sulfite.
Pegou a folha com as duas mãos.
Virou para a horizontal e sorriu
Era um belo infinito aquele oito.
terça-feira, 18 de agosto de 2009
Fotofobia
Abriu os olhos numa sala escura
Andou tropeçando até desencontrar a saída
Tateou o chão depois dos pés perderem o piso
De repente, só pisava no ar rarefeito.
Caiu fitando o escuro.
Teve acesso de labirintite.
Acordou, porque, às vezes, dormir é difícil.
Andou tropeçando até desencontrar a saída
Tateou o chão depois dos pés perderem o piso
De repente, só pisava no ar rarefeito.
Caiu fitando o escuro.
Teve acesso de labirintite.
Acordou, porque, às vezes, dormir é difícil.
segunda-feira, 10 de agosto de 2009
areia
Fez-se areia
A aparição, o olhar
Quando o arrepio rateia
É porque fez-se areia
O canto do canino que aparece
No sorriso largo
Solto em longa prece
Quando vira rara ceia
É porque, desculpe,
Fez-se areia
Ao entrar
Com dificuldade
o sangue que não passa
Como quando entope a veia
Não tem jeito
Virou grão
Olha a areia
Se ao girar o vestido
Flores estampadas de lá pra cá
o olho não rabeia
não adianta fingir
sem choro, vela, canto de sereia
você já sabe o que se fez
virou praia,
é areia.
A aparição, o olhar
Quando o arrepio rateia
É porque fez-se areia
O canto do canino que aparece
No sorriso largo
Solto em longa prece
Quando vira rara ceia
É porque, desculpe,
Fez-se areia
Ao entrar
Com dificuldade
o sangue que não passa
Como quando entope a veia
Não tem jeito
Virou grão
Olha a areia
Se ao girar o vestido
Flores estampadas de lá pra cá
o olho não rabeia
não adianta fingir
sem choro, vela, canto de sereia
você já sabe o que se fez
virou praia,
é areia.
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