quarta-feira, 15 de outubro de 2008

À noite

À noite, vejo um poeta partindo
Negro, solitário, macambuzo, apenas indo.
Andando, à favor do vento, não vai chorando,
não vai rindo, vai só pisando, ensaiando novas trovas,
lírico, indo, apenas indo.

À noite, vejo um tocador de banjo.
Parado no encontro de paredes, fantasia na cabeça,
E, antes que eu me esqueça,
Asas de anjo.

À noite, vejo um cocheiro cansado
Dando água ao seu cavalo,
Quando quem precisa de refresco é ele
Porque o animal merece, mas ele sim é vassalo.

À noite, vejo uma estrela procurando amigas
Que só porque não brilham tanto
Só porque têm menos encanto,
Fogem da cadente, as raparigas.

Enfim, à noite, vejo tantas coisas que até me confundo.
Mas o certo é que vejo toda sorte de belezas e tristezas
De tudo o que rege este mundo.

Nenhum comentário: